Monday, August 25, 2008

Para um grande amigo.

Me lembro de enrolar meus dedos no teu cabelo quando deitava-se, inocentemente no meu colo. Passávamos tardes conversando e ao fim do dia, minha alegria ia embora com o ônibus que te levava para casa. Lembro das tuas curiosidades em relação ao sexo, fazendo-me mil perguntas para saber como abordar uma garota. Interrogações fraternas, como se eu soubesse de todos os fatos sexuais e fossem entregá-los nas tuas mãos.
Ficava encabulada sempre que requisitavas uma resposta, com as orelhas atentas e os olhos arregalados.
Eu apenas dizia: Sei lá, Guto! E eu lá sei dessas coisas!
Era melhor ainda quando ele aprendeu a abraçar. Antigamente, nos nossos encontros de sexta série, o atrito entre meninos e meninas era um assunto muito sério. Mas não durou muito tempo, como não há de durar. Na sétima série, ele abraçava que nem irmão. E ainda falava: "te amoooooo!" no ouvido.
Dividia sorvete, passava um pouco na cara, espalhava e eu ficava furiosa. Ria de mim, ria dele, ríamos tanto. Nós, nossos amores, nossos amigos.
Augusto foi rei das minhas brincadeiras.

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