Thursday, June 26, 2008

Chega logo, vó.

Eu vou te esperar.
No aeroporto, naquela fuzarca, como você mesma costumava falar.
Vou dar um sorriso de criança ao te ver passar pela porta automática e sentir meus olhos lacrimejar assim como lacrimejam ao escrever sobre ti.
Vou te abraçar, matar as saudades e te contar sobre como minha vida mudou e como as coisas se ajeitaram.
Vou te mostrar inconscientemente como amadureci e a mulher que me tornei. Você, efetivamente, verá que tenho um piercing novo, um corte de cabelo diferente e uma sutil diferença no meu corpo, antigamente menos desenvolvido.
Me dará, então, mil beijinhos e cheirinhos e eu não desgrudarei do seu pescoço.
Ao chegar em casa, me lembrarei do seu cozido e pedirei para prepará-lo com o avental na barriga, me contando sobre seus namoradinhos de infância. Eu escutarei com muito interesse, sentada no sofá com os olhos arregalados e pernas de índio, me balançando pra lá e pra cá.
Quero ouvir sobre a lambisgóia da Rita roubando a carne que você deixou descongelando em cima da pia. Quero ouvir sobre a baiuca do vô dez mil vezes e lembrar de como era deitar nos milhos do sítio enquanto você colhia amoras da amoreira pra gente comer à tarde. Quero até que você raspe uma maçãzinha pra eu comer, como fazia antes de eu ir para o colégio na terceira série.
Quero deitar então no seu colo e dormir enquanto mexes no meu cabelo e fala sobre o passado.
Te espero com ansiedade e choro de alegrias por sentir que tudo isso está perto de se realizar.
Te amo.

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