Quando o seu relógio parou, ele decidiu que aquilo era um sinal.
Nunca mais marcou compromissos usando hora e lugar, apenas falava que se fosse pra ser, ele estaria por perto. Não marcava o tempo, assim não tinha pressa.
Nunca mais se atrasou, mesmo que os outros reclamassem, para ele o tempo passava, mas não contava. Parou de contar os dias também, não fazia mais festas de aniversário, esqueceu até da sua idade. Não tinha mais nada que o lembrasse que o tempo pode ser contado, jogou fora os documentos.As pessoas se acostumaram e nunca falava que era hora de fazer qualquer coisa. As palavras hora, minuto, dia ou semana não fazia mais parte da sua vida.
Ele deixava suas vontades indicarem o que tinha que ser feito, se tinha sono, dormia, se tinha fome, comia. Até deixava o sol guiar um pouco suas ações, quando o sol nascia, levantava da cama e ia trabalhar, quando o sol chegava na altura dos olhos, ia para casa. Por isso não gostava tanto de ficar em lugares fechados, gostava de ter o sol por perto.
Viveu uma vida sem relógios, mas esqueceu que dentro dele havia um. E quando esse último relógio parou, o que sobrou dele, o tempo levou.
Klaus Fuchs.
Wednesday, May 20, 2009
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