O azul lhe fazia relembrar com carinho, João.
João lhe trazia flores, beijando-lhe os pés.
Lhe abordava com jóias e bichos de pelúcia.
Sempre ali, no café da manhã que na maioria das vezes era servido na cama.
Com te amos e carícias ao extremo, derreteu-se.
O amarelo fazia-lhe relembrar com fome, Matheus.
Matheus lhe trazia alcachofras e fungis para preparar para o jantar.
Lhe abordava com as mãos, enquanto, encostada na pia, lavando louças, ele as usava para passar sobre seu corpo.
Sempre ali, na hora do almoço e do jantar, muitas vezes sentindo a fragância do novo prato que ela preparava.
Com o paladar e o machismo muito apurados, morreu de fome.
O branco fazia-lhe relembrar com malícia, Carlos.
Carlos lhe trazia um chapéu-cartola e um terno branco jogados no sofá para pendurar no cabideiro. Lhe abordava com uma caixinha de fósforo e pedia-lhe para ver seu samba no pé, enquanto batucava e cantarolava Cartola.
Sempre ali, com seu pé de meias furadas apoiado na mesa de centro e com aquela grossa voz de quem frenquenta muitos bares.
Com malandragem e a traicão, sambou.
O cinza lhe fazia relembrar com desgosto, Gordon.
Gordon lhe trazia as mãos vazias.
Lhe abordava com seu olhar severo ao vê-la reparar em outros homens mais alegres e mais belos.
Nunca ali, contando com o fato de que se estivesse, seria diferente.
Sem nada, com nada ficou.
O verde lhe fazia lembrar com cultura, Paul.
Paul lhe trazia souvenirs da Califórnia.
Lhe abordava com seu sotaque estrangeiro e sua super preocupação com o meio-ambiente.
Sempre ali, oferencendo-lhe alguma informação sobre uma nova cultura.
Com ótimos papos mas uma grande distância, vanished.
O preto lhe fazia lembrar com intensidade, Ricardo.
Ricardo lhe trazia o vinil original do Pink Floyd e belos músculos negros.
Lhe abordava com suas camisas xadrez e seus olhares libidinosos.
Sempre ali, com seu Camel na boca, olhando-a como se fosse sua pin-up particular.
Com o róque e com pouca idade, achou alguém mais jovem.
O laranja lhe trazia a memória com desadaptação, Lauro.
Lauro lhe trazia vinhos e gargalhadas.
Lhe abordava de manhã, quando com um sorriso bêbado e um copo de cerveja gelada, beijava-lhe o pescoço, dizendo o quão bela ela era.
Às vezes ali, às vezes no bar.
Com piadas sem graça e ressacas detestáveis, afogou as mágoas.
O vermelho lhe ascendia à mente, com amor, Klaus.
Klaus lhe trazia um anel e um pedido.
Lhe abordava com um terno preto e uma rosa presa ao palitó, penetrando sua alma e toda sua história com apenas um olhar.
Estava ali, ajudando a escolher a cor do novo quarto.
Segurando minha mão, perguntou-me que cor eu gostava mais.
-Eu gosto de vermelho.
Monday, July 7, 2008
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