Friday, September 26, 2008

Os sons do mundo.

Um jazz toca ao longe.
Parece-me que vem de um café do outro lado da rua, chamado ''Café des Deux Moulins''.
A fumaça do meu cigarro me cega os olhos e eu os fecho, condenada a ouvir os sons que me rodeiam.
Dou mais uma tragada. Já está no fim. Minha imaginação grita, como se precisasse sair de cada poro do meu corpo.
Ouço crianças. Maldito cigarro.
O jazz agora era tão leve que podia-se comparar a uma Bossa Nova.
Minhas linhas acabaram. E o cigarro também. Ascendo mais um, preciso me refugiar em algum vestígio sombrio do mundo.
As palavras continuam a serem escritas em um papel de bala.
Bala de menta, aquelas que detesto.
Agora consigo ouvir, ainda de olhos fechados, o tintilhar dos copos do café antes mencionado.
Escuta. Vê que lindo é. Para mim, é o som mais belo do universo, com excessão do absoluto silêncio.
Meu cigarro vai diminuindo, não tenho pra onde ir. As cinzas se espalham no ar como borboletas cinzas, voando e se infiltrando nos meus cabelos morenos.
Puxo com meu fôlego a última tragada e me deito para ouvir os sons do mundo.