Uma Olívia que de irmã me chamava e que sentia a minha barriga, meus calos, meus sorrisos e meus choros à milhas de distância.
Uma Olívia com o cabelo lisinho, unhas bonitas e olhos castanhos que eu sempre achei que fossem verdes, por ela se chamar Olívia.
Uma Olívia sentada nos banquinhos coloridos, encostada nas colunas laranjas e comendo mousse de maracujá bem amarelinho com sementes por cima.
Uma Olívia metidinha, que me virou a cara, foi grossa e fingiu que eu não existia.
Uma Olívia que depois de uma semana começou a mexer nos meus cabelos nas aulas de teatro e comentar sobre minhas meias furadinhas.
Uma Olívia, existia, que tinha uma coleção imensa de terços de todas as cores, tamanhos e formatos e morria de orgulho dela...
Uma Olívia de Cascavel!
Uma Olívia, a que colocava pé com pé quando estávamos na roda do começo da aula.
Uma Olívia que dava abraço com os braços por cima do ombro e ficava nas pontas dos pés, balançando para um lado e para o outro.
Uma Olívia que deitava ao meu lado no chão da Caixa Preta pra conversar, conversar, conversar com os joelhos dobrados e os olhos fixos no teto.
Uma Olívia que dividia tapiocas de leite condensado e morango no domingo de manhã.
Uma Olívia que tirava fotos lindas, com um ar antigo.
Uma Olívia que gostava de sentar de perna de índio na grama da Casa Lilás.
Uma Olívia que era apaixonada por rosas, sonhos e sorrisos.
E mais uma Olívia que tinha tantos, tantos segredos e confissões contados no camarim, com luzinhas coloridas acesas.
Uma Olívia que se apaixonou perdidamente e que não conseguia abrir os olhos, pois se jogava do abismo de olhos fechados, tentando aproveitar o máximo dele.
A Olívia de mudanças e choros, pois é difícil mudar.
Uma Olívia de macacões da companhia de Balé da Betina!
Uma Olívia de tantas meias coloridas e sapatos e saias e vestidos e cachecóis.
A Olívia que formou uma nova família entre nós, com mãe e mil irmãos.
A Olívia da risada absurda, pois ri com o corpo todo.
A Olívia que destrói palcos de tão boa atriz que é, com olhos brilhantes e expressões teatrais.
Uma Olívia que ama Brunas, Karóis, Boings, Thaíses, Flávias, Maíras, Fátimas, Chicos, Nicoles, Sols, Janas, Diegos, Renatas, Rafaéis, Éricas, Gius e inúmeros outros amores.
Uma Olívia dos três pratos de trigo para um tigre triste e do tagarelarei.
Uma Olívia que tem que comprar um colchão novo pras amigas dormirem na casa dela.
A Olívia da parede de mil e um ingressos.
Uma Olívia que ama Caio e Chico de paixão.
Uma Olívia que tem textos de teatro fixionados na sua cabeça e os fala quando está sozinha andando na rua.
Uma Olívia que reclama do nariz.
Uma Olívia que bebe muita Bohemia.
A Olívia das cores, flores e amores.
Uma Olívia que tem peitões!
Uma Olívia que foi puxada pela mão por uma tal de vida e foi vivê-la com maior intensidade, em outros lugares, em outros caminhos.
Uma Olívia que agora fala alemão!
Uma Olívia que vai pra Paris e vai trazer uma Torre Eiffel em miniatura pra mim, se não for muito caro.
Uma Olívia que ama comer petit gateâu e brownies.
Uma Olívia que gosta de fuscas e All Stars.
Uma Olívia que prefere muito mais música brasileira que internacional.
Uma Olívia que tem pernas tão grandes que enche o saco do Pedro pra colocar o banco mais pra frente quando pede carona.
Uma Olívia que fez solidões, pacientes, apaixonadas à beira de um telefone e meninas de favela.
A Olívia que é a Olívia, sem nenhum por acaso ou dá licensa.
Uma Olívia D'agnoluzzo.
Uma irmã.
Te amo, guria. Seja muito feliz.