Tuesday, August 31, 2010

Foi como um vômito. Eu precisava te tirar do meu corpo. Tentei de tudo para melhorar a situação. Tentei pílulas para crise de pânico, sexo com outras pessoas, auto-humilhação em público, terapia, yoga, ciclismo. As pílulas acabaram rápido demais, meu médico não me prescreveu mais doses. O sexo foi inútil e frígido, além de me deixar com peso na consciência. A auto-humilhação me fez sentir mais real, mas daí veio o significado da palavra "humilhar" e senti que não era saudável. Terapia, entediante. Yoga, inflexibilidade. Ciclismo, detesto bicicletas. Pensei em desenhar, mas sou péssima com as mãos. Pensei até em me jogar da ponte, mas nas quarta-feiras eles fecham a canaleta e ninguém pode entrar, a não ser ciclistas. Eu odeio bicicletas. Então te contei o que acontecia. Foi como um vômito. Como espantar uma mosca do ombro com um leve tapa. Claro, a mosca picou, a larva ficou dentro da pele, danada de tirar. Mas o vômito, o momento da anunciação foi um, dois, três. Uma caspa caiu. Um elevador chegou no andar. Você saiu da minha vida como um vômito sai do estômago. E eu precisei te vomitar.
Às vezes eu vejo meu passado parar do meu lado. Em um carro velho parado no sinal, em uma gravata amarela que vejo na rua, em um cd quebrado e jogado na calçada. E daí me vem uma pergunta na cabeça. Uma pergunta que eu sempre irei me perguntar quando te ver na toalha branca e feia que você usava pra se secar: será que você se arrependeu de ter me achado ou de ter me deixado?
Morri de amor.

Sunday, August 29, 2010

O Eremita.




A Revelação indica o processo de descoberta dos dons. Mostra a figura do velho, um eremita que carrega sua luz como símbolo da confiança na sabedoria que construiu. Consciente de que encontrou seus verdadeiros valores.
Ao redor de três anos atrás, você estava se sentindo como um peixe fora d'água, como se tivesse perdido o rumo, o sentido de vida, a integração em seu ambiente. Por isso, você penetrou dentro de si mesmo em busca dos seus próprios valores. Você se isolou para reconhecer o que era seu mesmo, ideais de vida, seus dons. Você estava em busca do que é valioso para você e em você, o que na realidade lhe interessa e anima.
Com essas respostas, você foi iluminando seu interior como uma caverna. E de um ano e meio para cá, você encontrou uma porta. Ao abrí-la visualizou um mundo que tem tudo a ver com você. Onde você é alguém e pode realizar o que sempre sonhou. Mas, era bom demais para ser verdade. Por isso, você vem desde então testando. Será que posso realmente confiar que achei o que estava buscando? Essa maneira de ser eu mesma(o) e ser bem recebida(o)?
Neste momento você está tendo todas as confirmações de que você pode confiar nas verdades que encontrou. Você está identificando seu espaço, as pessoas que combinam e pensam como você. Enfim, você está saindo do isolamento em que vivia e encontrando canais que se indentificam muito com você para se expandir.
Portanto é um momento de muitas descobertas, que vem acontecendo de um ano e meio para cá, mas que tem sua confirmação neste momento. Revelações de estórias que trazem explicações importantes para você se libertar de magóas, dívidas, desintendimentos.
Oportunidades para você revelar seus dons, sua sabedoria. Como também iluminar sua Alma Gêmea, no meio talvés de pessoas já conhecidas.

Ideais e idéias. Verdades vindo à tona. Identificação da solução de problemas. Você está saindo do isolamento em que vivia. Encontra um ponto de conexão onde ela pode usar o que encontrou. É uma carta que mostra a pessoa num isolamento passado e saindo dele no presente. É uma carta importante, pois ela afirma que a pessoa vem encontrando respostas para aquilo que buscava - Solução de problemas.

Quando ela sai, no presente, mostra a pessoa um pouco desconfiada, pois apesar dela ter revelado coisas importantes, ela ainda tem medo de que a luz se apague. É normal o manto estar cobrindo a lamparina - é uma carta que mostra você encontrando o seu sentido de vida, você descobrindo qual é a sua profissão, descobrindo a sua alma gêmea - seus dons. Enfim, sempre novas descobertas.

Traz revelações, soluções.

Thursday, August 26, 2010

E agora vamos devagar. Não tem pressa. Eu só quero te beijar os lábios sem pensar no que somos, no que temos. Só quero tocar sua pele, brincar com a tua barba, deitar no teu peito. Eu só quero ir devagarzinho. Eu só quero te amar sem te ter.
Eu não sabia o quanto eu era feliz até você sair da minha vida. Não sabia que eu era tão feminina, tão viva, tão independente. Às vezes penso que fui feliz com você ao meu lado. Acho que fui. Fui, sei que fui. Mas eu tinha um medo que não sabia como tirar de mim. Acho que eu não sabia que eu tinha esse medo. Você plantou o medo em mim. Uma semente bem pequena que quase não se manifesta, mas com o passar dos anos, cresce e toma conta, paralisando toda a percepção que eu tinha do que me acontecia. Agora eu consigo entender. Agora meu respirar é mais leve, meu andar é suave. Eu sinto prazer quando me percebem, não vergonha, culpa. Sinto um poder que não sentia antes. Algo que penso que só mulheres que viveram felizes e sozinhas por um tempo conseguem entender. Eu não quero ninguém. Eu quero sentir essa liberdade por mais um tempo. E assim que eu me cansar, quero me enlaçar em braços amorosos e quero continuar sentindo que eu sou eu mesma, não os braços que me tomam. Eu sempre serei eu. Nunca mais quero ser você.

Saturday, August 21, 2010

- Foi como um trator eterno no coração. Quando eu vi, eu tinha passado a vida insatisfeito. Meu coração era uma terra salgada em excesso. Era uma terra de sal e pedra. A lembrança dela era constante, era o trator eterno. Eu habitava meu coração e só tinha uma enxada. Cultivava pequenas hortas magras e temporárias que acabavam sempre alcançadas pelo trator, que era praticamente do mesmo tamanho que meu coração. Muitas vezes, no lugar do trator eu enxergava a mulher, mas era fruto da minha incapacidade, já bastante conhecida, de dissociar ver e querer. Querendo ver minha vontade realizada, eu via aquela mulher cuidando de uma horta lá em Bocaiúva, a gente tomando um espumante na frente da fogueira depois de ter colocado os filhos para dormir, a gente chapado tirando a roupa, eu duas horas beijando as pernas dela. Era o que eu via no lugar do trator eterno. Isso acontecia por pouco tempo, o mais era ver o trator, era cair chorando no sal e aos poucos ir perdendo os dentes nas pedras. Quando eu vi, eu tinha passado a vida insatisfeito. Podia ter tentado amar o trator.

Do Gabriel.

Thursday, August 12, 2010

Por um longo tempo, eu decidi não olhar mais para tuas fotos. Não tinha força de olhar no teus olhos, mesmo que você não estivesse realmente ali. Hoje eu acordei com nostalgia, vontade de olhar minha caixa de recados do passado. Entre cartas e lembranças, achei uma fotografia preta e branca de você, olhando para a câmera com a cara que você costumava fazer quando posava para a foto. Teus olhos castanhos, que mesmo no preto e branco, se destacavam, a pele bem branca de quem não via o sol há muito tempo, a boca um pouco rachada, a barba mal-feita, o cabelo longo e liso e um sorriso de canto de boca, porque você não sorria com dentes em fotos, a não ser quando eu aparecia também. Te olhei por um tempo longo, entrei nos teus olhos mais uma vez, como se fosse nos velhos tempos. Peguei uma lupa nova que comprei, olhei sua pele bem de perto, seus olhos, seu pescoço. Tentei achar o que já não via mais. A sensação de te olhar novamente foi estranha, assim como a primeira vez que te vi. Foi como se eu não tivesse o direito de olhar nos teus olhos e me aprofundar. A única diferença é que na primeira vez, eu não tinha intimidade suficiente para fazer isso e desta vez, a intimidade tinha se dissipado no ar, como uma fênix mitologica que nasce, cresce e morre, deixando apenas cinzas pelo chão. O que eu via em você eram as cinzas. Eu te achei bonito, muito bonito. Por um segundo, senti um aperto no peito e então respirei. O aperto passou e eu começei a te olhar como a beleza que não via há muito tempo. Tentei lembrar da tua voz. Acho que esqueci. Olhei pela última vez para a íris e vi algo que nunca tinha reparado naquela singela foto. Vi bem dentro das meninas dos teus olhos, conforto e amor ao me olhar tirando a foto.

Monday, August 9, 2010

Minha casa é a mesma,
eu moro no mesmo lugar.
O jardim não mudou,
as flores são iguais.
Inverno, verão,
ao norte, ao sul.
Tudo mudou
Quando você se foi.
Agora o jardim parece mais vivo,
as cores mais fortes,
minha casa é mais minha,
meu lugar é só meu.