Sunday, March 29, 2009
Guilhermina.
Lembro do teu sorriso cansado ao chegar à porta de minha casa andando desde o centro. Tínhamos saído da Praça Osório às quatro da tarde e levado o nosso caminho pela Carlos de Carvalho, sempre dizendo que pegaríamos um ônibus na próxima parada. Não precisávamos de ônibus, nossos pés, juntos, pareciam comer a cidade inteira, como se dominássemos facilmente todos os cantos, todas as paredes cheias de lambs e todos os bazares escondidos pelo caminho. Tinha descoberto algo sobre mim mesma e sobre alguém. Gostávamos de andar na companhia um do outro. Não entendo, até hoje, quanta empatia existia entre nós que chegávamos a passar tardes e noites juntos, apenas papeando, andando e descobrindo Curitiba. De tudo que já passamos juntos, fotos esverdeadas, doces em padarias caras, amigos em comum, vídeos que me trouxeram tesourinhos, me ver chorar desesperadamente, me abraçar e perguntar se eu não queria parar de chorar, me dirigir como atriz, invadir o Guaíra e andar pelo backstage, descobrindo manequins e cortinas vermelhas, girar no Barigui às quatro da manhã e cair no chão pra reparar nas estrelas, rir simultâneamente vendo a luta entre Borat e o gordão pelados, dar tchau com um abraço caloroso, o que ele normalmente não é no dia inteiro, correr por um estacionamento fechado e tirar fotos do meu dedão com forma de Cheetos, ouvir o Budny falar besteira e ficar quieto, apenas trocando olhares de desaprovação mas divertimento ao mesmo tempo e lavar a alma no teu coração, sabendo que tem um lugar meu ali, assim como tem um dele no meu. Sinto falta dos binóculos na cobertura da casa da minha avó e sinto falta de sorrir ao mesmo tempo. E até das dúvidas e das brigas, onde eu me exaltava e saía de perto... aquele menino metido que sempre soube de tudo e que no fundo eu sempre tive orgulho, por ser quem é, assim, simplesmente assim. E a inteligência, junto com a espontaneidade, me faziam tirar os pés do mundo, me fazendo parecer uma gigante que dominava a cidade quando dava a mão para ele. Era só fechar os olhos e caminhar pelas estrelas. Não cansava, pois flutuávamos por tudo que era nosso. O nosso amor, amor de amigo gigante.
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