Saturday, January 30, 2010

Parece que tem noites onde eu não consigo dormir. Minha mente acordada revisa todos os meus medos, minhas tarefas, meus telefonemas que tenho que fazer no próximo dia. Então me reviro de um lado para o outro, pensando se deveria levantar e tomar um copo de leite, fazer xixi, tirar minha lente! Esqueci de tirar a lente, puta que o pariu. Então me levanto, tiro a lente, balanço a cabeça como desaprovação a mim mesma e meu esquecimento. Ainda de pé, balanço meu corpo entre a cama e a cozinha, pensando no sono e no leite. O leite ganha, claro. Vou até a geladeira e já são quatro da manhã. Amanhã tenho que acordar às dez, caramba. Ponho o leite no copo, bebo tudo de uma vez só, pra ver se o sono entra junto com o leite. Vou pro quarto e na hora que me enfio embaixo das cobertas, lembro: ai, merda. Esqueci de fazer xixi. Levanto de novo, 4:10. Vou no banheiro, tento ligar a luz, mas a lâmpada estorou. Ótimo. Mais uma tarefa para lembrar antes de dormir. Cambaleando dentro do banheiro, sento na privada, mas meu primo deixou a tampa aberta e dou aquela caída de 2 cm magistral, uma das sensações que mais odeio. Lembro da minha professora de teatro falando sobre marcação de contra-regras. "Vocês sabem quando a gente dá aquela caidinha na privada? Aquela caidinha de 2 cm, quando alguém deixa a tampa aberta? Sabem? Então. É isso que o ator sente quando não põe os contra-regras no lugar certo. 2 cm da cadeira mais pra direita, tira toda a concentração da cena e quebra o personagem". Meu Deus, faz quanto tempo que estou aqui sentada no escuro pensando na minha aula de teatro? Me limpo, dou a descarga, fecho a tampa da privada porque não sou mal-educada que nem meu primo. Volto para o quarto. A minha professora continua falando na minha cabeça, contando suas mil e uma histórias extraordinárias. Dou o check na minha lista de coisas que precisava fazer. Lentes, check. Leite, check. Xixi, check. Apago a luz. Começo a cambalear a cabeça para um lado, para o outro. Os olhos fecham, a mente aquieta. O sono vem, chega e me abraça. Me leva para o meu próprio mundo da fantasia, minha inconsciência, meus sonhos.

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