Monday, March 29, 2010

Meu coração foi parar na UTI. Batia ligeiro em cima da maca branca, meus olhos torcidos e negros, minha boca roxa cor de choque. Minha barriga doía como se estivesse sido esmagada por um caminhão. No momento em que te falei o que tinha decidido, minha alma bêbada atravessava uma rua movimentada e quando desliguei o telefone, um ônibus me jogou longe, causando um trauma à todos os orgãos dentro de mim, tirando-os do lugar, revoltando-os. Fiquei por três meses na cama do hospital, sangrando interiormente, louca, perdida, sem saber o que fazer. E só. Não tinha ninguém para me trazer flores nem ninguém para me dizer que apesar do meu olho roxo, eu continuava sendo linda. O que sobrou agora foi um corpo novo, renovado. E mesmo assim, as cicatrizes do acidente. O que sobrou do meu coração foi a lembrança. Sentir dor ele já não sente mais, mas ali embaixo da pele, o coração sabe o que aconteceu. Ele não nega. Meu coração... ele estava em profundo estado de recuperação.

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