Saturday, February 28, 2009

Neve!
Snow!
Neige!
Schnee!
Xuê!
Nieve!

Friday, February 27, 2009

É sentir um quente mais quente que deveria ser dentro do peito, sentir queimando como algo que não fosse bom. Uma queimadura com ácool, não por si só. Não aquela chama que o amor trás, com paz e felicidade. É uma chama de ser esquecido, de ser enterrado por tudo e todos. E querer ser. Querer, por mais terrível. Ter a certeza inexata que um dia eu não encontrarei aquilo que tinha novamente. E a chama vai diminuindo, diminuindo e diminuindo sendo substituída pelo abatimento, pela falta de esperança, a mais perigosa(!).
De morrer, como se fosse cair. Fico assim, de morrer.
Pálida. Desalentada. Depreciada.
The death of a beautiful woman, is unquestionably the most poetical topic in the world.

Poe.

Chora.

Chora, desabafa seu peito.
Chora, você tem o direito.

Se tratando de amor,
qualquer um pode chorar.

Não se envergonhe do pranto que é
privilégio de quem sabe amar.

Quem não teve amor nunca sofreu,
e desconhece o que é agonia.

Abra o peito e deixe o pranto livre como eu.
Ah, desafogue a melancolia.

When I'm Sixty-four.



Will you still need me?
Will you still feed me?
When I'm sixty-four.

Thursday, February 26, 2009

Meu pedaço.



Filha de peixe, peixinha sou.
Para o homem mais amado da face da Terra, que amo muito e desejo toda a felicidade que existe. Um papi amigo, camarada, companheiro que conversa sobre tudo e me faz dar risadas de doer o abdômen. Hoje, amanhã e sempre, desejo tudo de melhor e mais ainda que exista.
Te amo muitão! Feliz aniversário!

Eu acordo as pessoas às três da manhã quando é aniversário delas.

...e a gente caminhando de mão dada de qualquer maneira...

quarto de dormir


um dia desses você vai ficar lembrando de nós dois
e não vai acender a luz do quarto quando o sol se for
bem abraçada no lençol da cama vai chorar por nós
pensando no escuro ter ouvido o som da minha voz
vai acariciar seu próprio corpo e na imaginação
fazer de conta que a sua agora é a minha mão
mas eu não vou saber de nada do que você vai sentir
sozinha no seu quarto de dormir

no cine-pensamento eu também tento reconstituir
as coisas que um dia você disse pra me seduzir
enquanto na janela espero a chuva que não quer cair
o vento traz o riso seu que sempre me fazia rir
e o mundo vai dar voltas sobre voltas ao redor de si
até toda memória dessa nossa estória se extinguir
e você nunca vai saber de nada do que eu senti
sozinho no meu quarto de dormir


Mark Ryden.

À Palo Seco.

Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava,
De olhos abertos lhe direi:
Amigo, eu me desesperava.

Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em 73.
Mas ando mesmo descontente,
Desesperadamente eu grito em português.

Tenho 25 anos de sonho e de sangue
E de América do Sul.
Por força deste destino,
Um tango argentino
Me vai bem melhor que um blues.

Sei que assim falando pensas
Que esse desespero é moda em 73.
Eu quero é que esse canto torto feito faca
Corte a carne de vocês.

Wednesday, February 25, 2009

A mais linda de Los.



Quis nunca te perder
Tanto que demais
Via em tudo céu,
Fiz de tudo cais.
Dei-te pra ancorar
Doces deletérios.

E quis ter os pés no chão
Tanto eu abri mão
Que hoje eu entendi,
Sonho não se dá.
É botão de flor,
O sabor de fel
É de cortar.

Eu sei é um doce te amar.
O amargo é querer-te pra mim.
O que eu preciso é lembrar e ver.
Antes de te ter e de ser teu, muito bem.

Quis nunca te ganhar
Tanto que forjei
Asas nos teus pés,
Ondas pra levar.
Deixo desvendar
Todos os mistérios.

Sei, tanto te soltei
Que você me quis
Em todo o lugar.
Lia em cada olhar.
Quanta intenção
Eu vivia preso.

Eu sei é um doce te amar.
O amargo é querer-te pra mim.
O que eu preciso é lembrar e ver.
Antes de te ter e de ser teu,
O que eu queria, o que eu fazia, o que mais?
Que alguma coisa a gente tem que amar,
Mas o que, não sei mais.

Os dias que eu me vejo só são dias
Que eu me encontro mais.
E mesmo assim eu sei também
Que existe alguém pra me libertar.

El beso.

Qui suis-je?
Où suis-je?
Pourquoi je suis ici?
Je ne peux pas muter.
Je ne veux pas muter!
Je ne peux pas...
Je ne peux pas.

Tuesday, February 24, 2009

Which city are you?

You are Paris!!!
You are a true romantic and a great lover. You are extremely fashionable and know how to look good, with a balanced blend of the old and the new. You are glamorous and enjoy luxury, but you are very versatile. At the same time, you have lots of depth and are full of passion and vivacity.

...me botou pra sorrir... 

Pelo nove de fevereiro.

Dia nove de fevereiro passou quase como que despercebido.
Eu tinha me esquecido, nunca faço isso com ninguém. Acho que o amor ficou forte demais e acabei vagando por aí e minha mente não pairou no lugar que deveria. Hoje e sempre, eu quero dizer mil e uma coisas que inexistem no mundo das palavras, que são simplesmente sentidas. Eu descobri minha alma gêmea. E sabe que alma gêmea, na minha opinião, não precisa ser um amante, mas também pode ser um amigo, um familiar ou até mesmo alguém que passa na rua e você nem conhece. E eu fico feliz de ter encontrado a minha, pois entre tantas pessoas no mundo, a minha poderia estar perdida por aí. O mais engraçado é que nascemos pertinho um do outro, ele veio depois de mim, quando eu já estava fazendo meu aniversário de um ano. Cresceu como um garoto exótico, sempre foi tímido, diferente de mim, o que reforça minha idéia de que ele é realmente minha alma gêmea. Essa coisa de ser exatamente o oposto me faz sentir cada vez mais próxima a ele, tornando cada dia mais os caninhos das nossas mentes ligados. É um quebra-cabeça que se pode montar, encaixando cada peça em seus lugares perfeitos... e cada uma delas são diferentes das outras. Lembro então da primeira vez que o vi. Tinha o cabelo curtinho, do jeito que eu não gosto e sentava na parte de trás da sala. Apesar de ser um dos alunos mais inteligentes da sala, gostava de ficar atrás. E logo logo sentou atrás de mim. Não consigo conter o riso quando conto isso, mas ele me odiava. Ficava me cutucando a aula inteira e mexendo no meu cabelo com a ponta da caneta pra me deixar nervosa. Eu, criança, virava irada e com a cara vermelha e falava: PARE. Então me espreguiçava pra roubar o seu espaço e encher o seu saco. Brigávamos de gritar, até. Ou melhor, eu gritava. Ele fazia cara de nojinho. Então eu contava para a professora coisas mínimas que ele fez, pois era dedo-duro e chata. De pouco em pouco, fui me metendo no seu grupo de amigos, mas não gostava nem um pouco dele. Na realidade, não me importava em tê-lo do lado, pois podia contar histórias mais fantásticas que as dele e deixá-lo se sentir mal por não ter tido experiências tão legais que as minhas(até inventava de vez em quando, pra parecer mais fodona). Foi injusto o jeito que fui virando a líder do time. Me arrependo hoje em dia, nem criança faz esse tipo de coisa. Não é muito certo. Mas eu realmente queria me mostrar para ele. E de certa forma, dentro de mim, algo dizia que eu precisava me mostrar para ele pois ele era fantástico. Eu não gostava de aceitar o fato, por isso o pensamento era um pouco inconsciente, mas hoje sei que eu tinha uma vontade louca que ele ficasse interessado por ser meu amigo. Era quase como um desespero. Em breve, a nossa turma tinha crescido e todos estavam fortes e seguros de si mesmos. Ele tinha mudado, eu também. Todos nós tínhamos mais experiências e estávamos mais bonitões. Ele já tinha crescido treze metros e eu continuava baixinha. E ele tinha agora o Black Power na cabeça, que eu amava. Nessa época de 2004, todos nós tínhamos virado adolescentes! Pavor. Mas era verdade, e todos os nossos preconceitos do tipo meninos não tocam meninas tinha passado. Agora era sair no shopping depois do colégio e pular no pescoço um do outro, fazer carinho no cabelo, apertar a bochecha, deitar a cabeça no colo do outro. Eram descobertas engraçadas e ninguém tinha nenhum pudor nisso, mas fazíamos porque era uma coisa nova. Ele era o mais contido, porém, diferentemente de mim, novamente. Eu não ligava de deitar em cima dos guris pois sabia que todos me viam como outro piá. Mas ele continuava só no beijo na bochecha e abraços curtos e rápidos, sem encostar peito com peito. E era engraçado, era diferente vê-lo se constranger com uma menina que ele considerava uma inimiga que "roubou" os seus amigos. Mas isso mudou no ano de 2005, quando ele se abriu completamente a mim e até disse "te amo" pela primeira vez, por um e-mail que mandou da Europa, quando foi conhecer. Era um ano que estava estusiasmado, feliz com a vida e saltitante. Bom, saltitante ele foi poucas vezes, pois sua timidez não permitia tanto isso acontecer, mas acontecia. Não lembro exatamente como começamos a ser grudados, mas lembro que me fazia muito bem sair com ele e contar meus segredos e ouvir alguns dele. Eram horas do dia que passavam voando. Olhávamos o relógio depois de horas juntos escolhendo cds para ouvir e falávamos: tenho que correr. Eu sempre perguntava se ele não queria me levar até em casa, mas me sentia culpada de ter que descer tudo de novo e falava que iria sozinha. Fui descobrindo com o tempo, um oposto exato meu. Uma pessoa que tinha tudo que eu não tinha mas que me fazia ver a vida bonita do lado que ele via também. Era fantástico e eu sempre dizia sim quando era pra gente se encontrar. 2005, 2006, 2007 passaram e eu dei a notícia que iria embora dali, com o coração na mão e chorando. Ele ficou quieto e baixou a cabeça, não sabia direito o que fazer nem o que dizer, era dif'ícil pra ele expressar os sentimentos, diferentemente de mim, que me debulhava em lágrimas. Estávamos na frente da PJM quando soltei a notícia, em pé, embaixo do longo e amarelo prédio. Ele me perguntou para onde eu iria e na época, achava que iria para a Europa. Falei que ia me mudar pra Barcelona, pelo menos eram os planos da minha mãe. Ele me abraçou e esqueceu de todos os pudores que tinha na sexta ou sétima série. Abraçou forte e não disse nenhuma palavra. E eu, não entendendo, disse: olha, eu sou uma chorona mesmo. E ele deu risada, como sempre dava. Meu coração ficou apertado por tanto tempo depois, sabendo que não teriam mais sextas nos shows da Fnac, bolinhos de queijo, coca.com.gelo, francês errado, livros sobre placas, andarilhos pelo centro, vídeos com amigos, parque Barigui, natal Marista, PJM e ele do lado, fofocas, conselhos, idéias iguais, gostos iguais... nada daquilo eu teria longe. Mas eu me enganei. Eu carrego comigo hoje, depois de dois anos longe, uma amizade que não tem nem palavra para explicar. É coisa de filme, é tão precioso que eu tenho medo que alguém tire de mim. E eu preciso sempre regá-lo. Saber que ele sabe disso tudo, saber que ele sabe do amor fraterno imenso que tenho e que sinto vontade de chorar quando falo sobre, pois é grande demais. É coisa de irmão, coisa de melhor amigo, coisa de pessoa muito, mas muito amada que não chega a caber aqui ou em qualquer outro plano físico. Vai até Plutão e volta. E vibra a minha admiração por ele... de querer ser mais parecida. Mas sei que isso não é feito pra acontecer, pois a gente se completa em qualquer lugar. E mesmo assim, eu desejo ter uma pitada do que é por dentro. Esse cara que eu conheço de cabo à rabo e que amo tanto que já virou parte de mim, parte do meu sangue. Esse cara que escreve bem, que sabe divertir e se divertir. Esse cara que ama e aprecia a própria cultura. Esse cara que quer ser diplomata e esse cara que tem a pele que estica. Esse cara que ama filmes, músicas, arte e línguas. Esse cara que tem medo do futuro mas que sabe que tudo ficará bem. Esse cara que não sabe dar conselho, mas o olhar e o abraço já diz muito. Esse cara que tem veias grossas nas mãos. Esse cara me segue com o olhar de um jeito de quem estivesse cuidando, como um irmão. Esse cara que põe a cabeça pra baixo quando ri e aperta os olhos fechados. Esse cara que é sensato, calmo e cede sua própria felicidade no lugar da felicidade dos outros. Esse cara que gosta de andar e que tem pernas de saracura do banhado. Esse cara que pula alto e que fica melhor com certeza de Black Power. Esse cara que não é nem um pouco Don Juan, mas adora contar sobre suas meninas. Esse cara que admira tanta gente e que também é bem admirado. Esse cara que conhece o exterior e me trouxe chaveiro de lá. Esse cara que ama calado. Esse cara que zombeia dos amigos patetas. Esse cara que estuda que nem um louco. Esse cara que tem uma pinta grande perto do queixo e outra no nariz. Esse cara que é um amigo indispensável em qualquer lugar. Esse cara que é o meu favorito, o que eu mais gosto. Esse cara que eu amo. Esse Kramer.

De onde?



De onde vem a calma daquele cara?
Ele não sabe ser melhor, viu?
Como não entende de ser valente,
Ele não sabe ser mais viril.
Ele não sabe não, viu?
E às vezes dá como um frio.
É o mundo que anda hostil.
O mundo todo é hostil.
De onde vem o jeito tão sem defeito
Que esse rapaz consegue fingir?
Olha esse sorriso tão indeciso.
Está se exibindo pra solidão.
Não vão embora daqui.
Eu sou o que vocês são.
Não solta da minha mão.
Não solta da minha mão.

Eu não vou mudar, não.
Eu vou ficar são.
Mesmo se for só.
Não vou ceder.
Deus vai dar aval sim,
O mal vai ter fim.
E no final assim calado
Eu sei que vou ser coroado rei de mim.

A música do Kramer.

Castelos imponentes.

Tuas paredes imponentes, teus santos dominadores, teus altares dourados, borbados com o ouro que se chama hipocrisia, que mataria a fome das crianças que estendem as mãos na suas portas. Teus líderes que entopem ouvidos e mentes, distorcendo a beleza do mundo e fazendo a miséria bonita, correta, mesmo que inconscientemente. Tua desigualdade, religião. Tuas guerras. Como tem o poder de lavar cérebros e crescer, como uma empresa que vende fé e conforto e não o que é realmente conhecida por, salvadora de vidas. E todos os alcorões, bíblias e livros sagrados, maravilhosos exemplos de vida e riqueza interior são mal interpretados, ou interpretados como literais. E a fetidez de suas idéias passadas! Me embrulha o estômago pensar o quão estúpida e boçal é a nossa civilização, tentando achar um ser maior e colocando-o em um altar, como se fosse o rei, criando uma hierarquia onde a igualdade escrita e dita por grandes homens inexiste. Os seres humanos se acham grandes o suficiente para tentar materializar esse poder que não tem explicação. Tentar juntar toda essa grandeza em uma estátua, para que possamos chegar mais perto e nos sentirmos protegidos. Vão à merda, bando de velhos caretas! Estamos aqui de passagem, não sabem? Não sabem que a curiosidade deve ser contida quando falamos sobre algo muito maior que nós? Crianças, homens e mulheres morrem em guerras por religião desde que me conheço por menina. Uma criança que deve segurar em uma mão a mamadeira e na outra mão, uma pistola, matando toda a vivência e todo o raciocínio que ela plantaria, tem a mente como uma terra seca, sem água, apenas o vício da religião e de sua própria morte em proteção ao seu Deus que vêem como uma estátua. E como é revoltante ver seres pregando seus poderes e uma fé curta e barata que nem mesmo eles próprios têm, sabendo que tudo aquilo que falam, são calúnias. Com fome, sono e sem lugar pra dormir, qualquer ser humano acredita e pede ao seu senhor que a cure e a tire da miséria. Amar não vem do ouro no teto das igrejas, muito menos das taças de vinho ou do pão que se come em cerimônias de fé. A fé é a maior preciosidade que um ser humano pode ter e as pessoas nunca pensaram em usá-la em sua maneira certa. Tentar plantar flores nos jardins na nossa mente é algo que não acontece mais. Colocar os preconceitos e todo esse afastamento que o mundo tem onde todas as raças são tão distintas de lado é um ato estranho na nossa sociedade. Viver de fé sabendo que não é a minha ou a do meu parceiro que está certa deveria ser ensinado nos colégios. Porque não existe certo ou errado.  As plantinhas estão esperando para poder brotar. Deixe as tuas ficarem longas e trate de conversar com a terra e com o ar. Eles sim sabem de tudo. Eles entendem que estamos aqui para criar um mundo melhor, e não para viver pelos motivos errados.


Monday, February 23, 2009

Viva o Rafa!

Salve salve Rafitcha! 
Toda aquela maravilha que desejam pras pessoas em seus aniversários e mais uma cerejinha on top. Amo!
É bom às vezes se perder.
Sem ter porque, sem ter razão.
É um dom saber envaidecer.
Por si, saber mudar de tom.

De passinho em passinho.

Acho que hoje eu tenho tanto pra falar sobre essa cultura que nem ao menos abro minha boca pra tentar. Não existe tal alegria quanto saber tanto sobre um povo que os podres e os bens estão na cabeça sem precisar expressar, sem precisar explanar. É como se eu tivesse me tornado um pedaço deles, uma fatia dessa nova civilização e mesmo podendo mudar e ser pedaço da minha própria sociedade, as manias e jeitos jazem dentro de mim. Eu entendo, entende? E esperei muito pra chegar esse momento. É tão satisfatório entendê-los. É satisfatório sentir que está tudo aqui, em mim. Mesmo que eu não goste. Tá comigo. É meu. Pra sempre.

Gero.

Sinto falta do barrigão gostoso de abraçar.
Da barba mal-feita... do banheiro particular que ele tinha atrás da casa só pra ninguém sentir o fedor.
Sinto falta da cama no chão, do lado da cama dela.
Dos e-mails que davam medo... e de pegar o ônibus e ir ao shopping como se fosse o máximo.
Depois ele voltava com aquele jeitão de capitão pra nos buscar e sorria.
Das palavras de carinho, dizendo que queria que a Clara fosse como eu quando crescesse. 
E de como ele escolhia a mulher perfeita por nossa causa.
Fazia buchada às 2 da manhã e me oferecia. Eu me lembro do nariz enrrugado que todo mundo fazia, incluindo eu mesma. Não saía de casa pra comer nunca. "Comida boa é comida caseira."
Ia me assistir quando tinha peças, como um vô mesmo. E depois me levava na padaria pra me comprar um salgadinho e coca-cola. Uma filha, uma netinha. Lembro quando mostrei meu primeiro namoradinho de verdade pra ele... fez cara feia, o mesmo nariz enrrugado que eu fazia pra buchada às 2 da manhã.
E do jeito que já era melhor amigo dele depois da terceira cerveja, oferecendo um churrasquinho. Ah, o churrasquinho! Aquele churrasquinho com cheirinho bom e sabor único... com as cadeiras de plástico amarelas no quintal de casa.
Em Pinhais, imagina! Pinhais! Quem diria que eu adoraria ir pra Pinhais pra ficar com ele...
E assistir filmes de terror da locadora que fechava às 6 da tarde.
Ver a Clara e o Tony nascerem, segurar no colo. Crianças lindas...
Ficar inspirada e me sentir amada, porque sei que tinha muito amor ali. E era e é recíproco.
Aquela casa com anões de jardim, em Pinhais... aquela casa grande onde passei minha infância. E aquele homem que era meu vô e que me pego sentindo falta. Aquela risada curta e cortada, aquele cheiro de perfume do Boticário, aquele banheiro com toalhas de rendinha.
Eu adorava ir pra Pinhais.
         Me cobre mil telefonemas, depois me cubra de paixão.

...e pela minha lei, a gente era obrigado à ser feliz...


                                           Ai, ai, ai.
O cheiro do jasmin entrava pela janela que dava para o quintal.
Ela dormia e sonhava com xícaras quebradas, lustres espatifados no chão e mãos negras e brancas acariciando gatos magros. Abriu os olhos e fechou novamente, pois o sol entrava pela mesma janela do cheiro das jasmins do quintal. Espreguiçando-se, virou para o outro lado, culpando a luz solar pelo seu desperte. Aconchegou-se no travesseiro dele, que estava gelado por causa de sua ausência e levantou com um sentimento de dor e falta. Lembrou que era melhor não acordar.

"Maldito sol."
           "Fundamental é mesmo o amor, é impossível ser feliz sozinho."

Sunday, February 22, 2009

81st Academy Awards.

Viva Kate Winslet, Sean Penn, Slumdog Millionaire, Danny Boyle, Penélope Cruz, Jai Ho, Heath Ledger, Benjamin Button, The Duchess, La Maison en petits cubes, Wall-E, Milk.
Viva o Oscar.

... e vamos convenhar, viva a Olívia no outro lado da tela e da Terra...
And the Oscar goes to...

O samba, a viola, a roseira.

Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu. A gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu? A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva e carrega o destino pra lá.

Roda mundo, roda-gigante.
Roda moinho, roda pião.
O tempo rodou num instante,
Nas voltas do meu coração.

A gente vai contra a corrente até não poder resistir. Na volta do barco é que sente o quanto deixou de cumprir. Faz tempo que a gente cultiva a mais linda roseira que há. Mas eis que chega a roda viva e carrega a roseira pra lá.

Roda mundo, roda-gigante.
Roda moinho, roda pião.
O tempo rodou num instante,
Nas voltas do meu coração.


A roda da saia, a mulata não quer mais rodar, não senhor. Não posso fazer serenata, a roda de samba acabou. A gente toma a iniciativa. Viola na rua, a cantar. Mas eis que chega a roda viva e carrega a viola pra lá.

Roda mundo, roda-gigante.
Roda moinho, roda pião.
O tempo rodou num instante,
Nas voltas do meu coração.


O samba, a viola, a roseira um dia a fogueira queimou. Foi tudo ilusão passageira
que a brisa primeira levou. No peito a saudade cativa, faz força pro tempo parar. Mas eis que chega a roda viva e carrega a saudade pra lá.

Roda mundo, roda-gigante.
Roda moinho, roda pião.
O tempo rodou num instante,
Nas voltas do meu coração.

Olha.


Olha, você tem todas as coisas
Que um dia eu sonhei prá mim.
A cabeça cheia de problemas.
Não me importo, eu gosto mesmo assim.

Tem os olhos cheios de esperança
De uma cor que mais ninguém possui.
Me traz meu passado e as lembranças
Coisas que eu quis ser e não fui.

Olha, você vive tão distante.
Muito além do que eu posso ter.
E eu que sempre fui tão inconstante.
Te juro, meu amor, agora é prá valer.

Olha, vem comigo aonde eu for.
Seja meu amante, meu amor.
Vem seguir comigo o meu caminho
E viver a vida só de amor.

High up.




Still life hasn't given me anything utile.
I have only my candy paper and a baloon so I can fly up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up and up.

Saturday, February 21, 2009

São 6 da manhã e minha cabeça não para de funcionar.
É como se eu tivesse tomado uma droga que não deixa minha mente se aquietar e meus olhos calarem.
Parece que será assim pra sempre, como uma fruta nascendo, crescendo, morrendo e virando adubo. Um ciclo que nunca acaba, dois olhos que nunca se fecham, uma cabeça que não dá descanso ao corpo. E vou me sentindo fraca. Fraca como o sol quando nasce no poente, amarelamente apagado, como se estivesse levantando. Mas eu não estou levantando. Eu acho que estou entorpecendo.
Mudança.
Vira a esquina, invés de continuar reto.

Friday, February 20, 2009

Eletrônica.

-Onde cê vai?
-Posar na Mi.
-Aonde?
-Posar na Mi.
-Fala de novo.
-Posar na Mi.
-Tá... ok.
-Posar na Mi.
-Mas chega agora.
-Posar na Mi.
-Deu.
-Posar na Mi.
-Se falar de volta não vai.
-Posar na Mi.

Flor-menina.

Bailarina que alucina,
te ilumina,
nas pontas do pé.
Como na corda bamba,
ela cambaleia,
entonteia
e sua leveza,
abstrái.
A sua sombra
a persegue
quando a bela maquiagem 
se desfaz.

Thursday, February 19, 2009

O meu pai era paulista.
Meu avô, pernambucano.
O meu bisavô, mineiro.
Meu tataravô, baiano.

As minhas mulheres.

A minha Dora quer escrever cartas.
A minha Alice é instável.
A minha Amy quer beber até cair.
A minha Kate quer ficar nua.
A minha Olive quer tomar sorvete.
A minha Sabrina quer amar pra sempre.
A minha Sofia quer voar e ir embora pra próxima vida.
A minha Bridget quer emagrecer.
A minha Charlotte quer sentir sem expressar.
A minha Olga quer o que é dela.
A minha Margot quer fumar mil cigarros.
A minha Satine quer viver em Paris ou em qualquer lugar, contanto que seja com ele ao seu lado.
A minha Claire quer ser impulsiva e espontânea.
A minha Lisa quer destruir paredes e morder pessoas de raiva e loucura misturadas.
A minha Lolita quer uma boca bem vermelha.
A minha Beatrix quer um Bill.
A minha Mia quer um milk-shake de morango de 6 dólares e uma injeção de overdose.
A minha Nina quer não ter medo.
A minha Coraline quer um mundo de fantasias.
A minha Sammy quer liberdade.
A minha Clementine não quer ser esquecida.
A minha Amèlie quer um amor pra sempre, de verdade... com gosto de morango.
A minha Juno quer um tempo pra esperar aquilo que se quer.
A minha Holly quer usar chapéus imensos e tomar chá em London.
A minha Grace quer destruir o que a destruiu.
A minha Lovett quer poder fingir que fatos sérios são fatos simples.
A minha Mafalda quer poder ter uma TV bonita.
A minha Wendy quer ficar pequena pra sempre.
A minha Lola quer salvar.
A minha Marilyn quer provocar.
A minha Chieko quer ser amada por suas diferenças.
A minha Celine quer fechar os olhos e viver um amor estranho.
A minha Maria quer cantar dó ré mí fá sol lá sí dó.
A minha Maria Elena quer não ser deixada nunca.
A minha Cristina quer tirar fotos.
A minha Jenna quer fazer as melhores tortas do mundo.
A minha Ofélia quer não cair em loucura.
A minha Teresinha não quer malandro carioca, mas gosta de um.
A minha Isabelle quer cinema e sexo.
A minha Lisbela quer cinema e amor.
A minha Geni quer casamento.
A minha Sam quer gritar do topo do mundo e fazer os insensíveis sentirem.
A minha Abigail quer acreditar.
A minha Mina quer uma paixão vermelha.
A minha Kim quer tesouras.
A minha Dorothy quer voltar para casa.
A minha Raimunda canta.
A minha Marjane quer protestar.
A minha Silvia quer explodir tudo.
A minha Daisy quer dançar e dançar e dançar.
A minha Julieta quer que as manhãs não apareçam no céu.
A minha Elvira quer estourar miolos.
A minha Lucy quer diamantes no céu.
A minha Prudence quer o céu azul todos os dias.
A minha Bruna quer engolir o mundo.

Assuntos de Cinéfilo.

Bottle Rocket.

Uma boa comédia de Wes Anderson, novamente. Hoje foi o dia Wes, para mim. Bottle Rocket me deu uma sensação gostosa de querer voltar a ser criança e apovorar o mundo com idéias absurdas e divertidas. Assim é o filme inteiro, com capangas de quase meia-idade querendo viver a vida intensamente sem precisar trabalhar, apenas roubando bibliotecas! Sim, bibliotecas. Hahahaha. Bom se o mundo fosse realmente assim, com tanta beleza e pureza. A trilha sonora é ótima, também. Assistam e dêem muita risada.

Assuntos de Cinéfilo.

The Royal Tenenbaums.

Em pouco tempo assistindo Wes Anderson, começei a entender a paixão que as pessoas têm por ele. As suas cores são únicas e as câmeras dão uma pitada de cinema francês, deixando seus filmes bem atraentes. Tenenbaums foi o melhor que vi dele até hoje, onde suas maiores qualidades se destacam. E fora tudo isso, ele consegue não deixar o filme chato, inserindo fatos polêmicos e piadas bem direcionadas. Os atores são bem bons igualmente... a Gwyneth Paltrow se superou, gostei muito do seu papel e também me identifiquei com sua personagem, no meu lado mais escuro. Fora ela, os irmãos Wilsons estão bem, a Angelica Houston é fodíssima e o Bill Murray é o Bill Murray, pra sempre. Gostei e recomendo, principalmente pra quem gosta de filmes inconvenientes que fazem pensar.

Wednesday, February 18, 2009

Royal Tenenbaums.

-Já que é teu filme favorito...
-Mas tem certeza? A gente já viu Bottle Rocket hoje.
-Não. Mata logo esse, vai. Tenenbaums.
-Ok. The Royal Tenenbaums.
-Quer queijo?
-Não...
-Porque que você gosta tanto?
-De que?
-Do fime...
-Porque é um muito bom filme.
-Mas o que te chama atenção no filme, assim?
-O pai.
-Que tem o pai?
-Não sei, o jeito, acho. Ele tenta fazer de tudo pra juntar a família, sabe? Ele percebe que fez merda e tenta concertar.
-E você se identifica à ele?
-Não. Eu não me identifico com ninguém.
-Como assim?
-Eu gosto da história, mas eu não me identifico com ninguém.
-Mas no mundo, você se identifica?
-Talvez... não totalmente, acho.
-Quer queijo?
-Não.
-Quer-eu?
(risos)

Na paz de Deus.


O barulho do mar aquietava o quase silêncio que ela ouvia,
A maresia dominava seu olfato,
O balanço do cais a fazia lembrar de quando era criança.
Tudo remetia à calma e ao mar.

Tuesday, February 17, 2009

Assuntos de Cinéfilo.

Bram Stocker's Dracula.

Um tesão. Tesão de verdade. Daqueles de deixar a gente babando por um vampiro, porque eles são demais de provocantes. E o Gary Oldman fica mais ainda com aquele cabelo comprido e aqueles óculos roxos... a cartola, a Winona, as vampiras com seus seios perfeitos e dentes afiados, como se quisessem arrancar cada pedacinho do corpo da gente... e Coppola! Que é o melhor. A maquiagem é perfeita e até o mais feio dos bichos-vampiros deixam-nos com vontade de virar um e sair mordendo pescoços de Minas branquinhas. Grande elenco, grande diretor, grande produção e grande filme.

Assuntos de Cinéfilo.

Sleeping Beauty.

Adoro a Disney.
Toda vez que assisto e relembro das músicas, cores e sons que cada desenho deles têm, fico em catarse e uma nostalgia enorme entra na minha mente, me fazendo lembrar dos tempos em que ia na locadora com minha vó e repetia o mesmo filme por 3 meses. Bela Adormecida foi um deles, numa época. Cantar as lindas músicas novamente não foi difícil e lembrar do dragão, do príncipe e da cidade adormecida só fez meu dia ficar mais bonito. É coisa de tempos, essa Disney. E Bela Adormecida era um dos meus favoritos. Hoje o tenho no peito e assisto quantas vezes puder.

Assuntos de Cinéfilo.

Slumdog Millionaire.

Para aqueles que amam a frase "you ain't nothing but a hound dog."
Ótimo para dias de folga, como esses meus. Slumdog Millionaire é incrivelmente inteligente, bem elaborado e com um roteiro maravilhoso. Mostra todo um lado mais profundo da India e principalmente de seu povo, o que chama a atenção de povos distintos. Fora isso, o filme é muito bem conceituado, sendo um grande competidor no Oscar de 2009. Gostoso de deitar, assistir e criar hipóteses. O filme é misterioso também, revelando seus segredos aos poucos e de uma forma única, que nunca vi antes. As cores deixam o filme muito vivo e parece que posso sentir um cheirinho de curry ao ver os amarelos e os vermelhos que se espalham pela tela. Adorei e entrou pra lista dos favoritos.

Saturday, February 14, 2009

Bem vindo à Curitiba.

Eu amo Curitiba.
Nela eu viajo de balão.
Lenta e calmamente, respirando-a pelos poros;
tendo-a embaixo de meus pés como um gigante,
e sendo esmagado por sua beleza e cor.
Curitiba eu te possuo, assim como você me tem de corpo e alma;
eu te amaldiçôo por me ter para a vida toda;
me embriago no néctar dos teus seios
e te cuspo por te amar.
Ainda quero dobrar o Atuba só pra te dizer,
que a falta que você me faz não é, nem por um instante,
a necessidade de não te perder,
mas o desejo incontido de desmascará-la por toda a minha vida,
e de senti-la em todos os níveis,
do mais obscuro hotel, à praça de frondosas árvores;
do parque mais longínquo, ao mais crepúsculo bordel;
das vilas cuspidas por tua volúpia, aos bustos cagados de pombos;
da falsa Catedral;
dos falsos prédios;
das falsas putas;
dos falsos loucos;
das mentiras contadas em cada esquina
por onde passo e deixo um pouco de mim.
Das noites mal dormidas, carcomidas por tuas traças;
das pin-ups e Amélies recém-tiradas do peito maternal;
dos teus poetas musicistas,
dos teus ciclistas matinais.
Das estórias, das polacas,
dos botecos, canecos e velhos-carcarás.
Vem, Curitiba!
Mostra teus invernos ensolarados e vomita teus festivais.
Arremessa na rua tua ascendência,
preu te dar toda indecência de um amor mal acabado.
Meu amor, te quero assim,
porque senti-la é provar meu próprio veneno,
é cuspir no próprio prato,
é viver no teu pavor.
Curitiba, te quero assim,
do fundo do meu coração,
pra morrer no seu quintal!

Otávio Linhares.

Friday, February 13, 2009

Nosso.



Que eu te amo em todos os Valentines, todos os dias dos namorados, todos os natáis, todos os anos novos, todas as páscoas e todos os aniversários. Que te amo pelos sorrisos, pelas conversas, pelas risadas, pelos olhares, pelos beijos na barriga, pelas cócegas, pelas conchinhas, pelo sexo, pelo amor, pelo conforto, pelas ajudas, pelos sussurros, pelos elogios, pelas críticas, pelas brigas, pela honestidade, pela paciência, pelas pintas e por tudo que você é. E não só porque é Valentine's Day. Porque todo dia é nosso. Je t'aime beaucoup, mon amour!

O sono me pegou pela culatra.

Thursday, February 12, 2009

Eyes wide shut.


Eye-catcher. Eye candy.

Manhã de Carnaval.


E a "namoradinha" do vô.

Dorothy.


Somewhere over the rainbow,
Way up high...
There's a land that I heard of
once in a lullaby.

Somewhere over the rainbow,
skies are blue.
And the dreams
that you dare to dream
really do come true.

Someday I'll wish upon a star
and wake up where the clouds
are far behind me.
Where troubles melt like lemon drops
away above the chimney tops.
That's where you'll find me.

If happy little bluebirds fly
above the rainbow,
why oh, why can't I?

Tuesday, February 10, 2009

Flores.


Olhei até ficar cansado de ver os meus olhos no espelho.
Chorei por ter despedaçado as flores que estão no canteiro.
Os punhos e os pulsos cortados e o resto do meu corpo inteiro.
Há flores cobrindo o telhado e embaixo do meu travesseiro.
Há flores por todos os lados, há flores em tudo o que eu vejo.
A dor vai curar essas lástimas.
O soro tem gosto de lágrimas.
As flores tem cheiro de morte.
A dor vai fechar esses cortes.
As flores de plástico não morrem.

Monday, February 9, 2009

Mundial.


"Hakuna Matata."
eu tenho à mim, um ser, duas vidas, cinco amores.
dentro, em mim, dentro de um útero.
algo que não há empuxo. algo que nunca renego.
renego-nego-entrego. vivo para a vida, para a música, "pára" arte.
vivo sem pontos. interrogações? exclamações estupendas!
vivo com minúsculas, até com nomes.
viviane. murdoch. peter.
eu vivo de vida. vivo, amor. vivo amor. vivo cheia de minúsculas.
POIS TENHO UM CORAÇÃO.
"E o meu jardim da vida ressecou, morreu.
Do pé que brotou Maria, nem Margarida nasceu."



Ao Djavan, que o amo muito mais depois dessa linda música.

Sunday, February 8, 2009

Detalhes.

Duas sombrancelhas rebeldes, uma pinta em uma delas que muda todo o sentido da minha existência, três espinhas no queixo, onde uma é catastrófica e duas menores, uma linda pinta que morro de orgulho embaixo do olho esquerdo, rachadura no meio do lábio inferior, que é mais grosso que o superior graças à Deus, um nariz de bolinha picotado com cravinhos mínimos e quase invisíveis, uma cicatriz na testa que parece aquelas de vacina de braço, duas cortinas de bochecha que descem pelo rosto quando dou um sorriso discreto, um olho levemente mais fechado que o outro, cílios muito grandes, cabelos castanho dourados com cachos mais ondulados que formados caídos pelas saboneteiras que ficam salientes quando ponho meus não largos ombros para frente, uma orelha bonita, outra orelha bonita, outra pinta bem pequenininha na bochecha esquerda, pra dar charme à quem conhece-me mais de perto, uma parte do lábio superior inclinado para cima, diferente da outra parte, reta e sem expressão e uma cor de pele que vem do mel.

Assuntos de Cinéfilo.

Coraline.

Fantástico, estupendo, maravilhoso.
Burton trás consigo um turbilhão de emoções em um mundo da fantasia nesse filme tão bem executado. Do começo ao fim, me identifiquei ao extremo com a personagem e tudo que a rodeia. Saí do filme em catarse. Ashland, cabelo azul, circo, atrizes, trapézio, cachorros e gatos sensíveis que falam, flores, muitas flores, escuridão, aranhas. Tudo isso mergulhado numa panela de estilo Burtoniês. Ou seja, um sonho. Recomendo ver o filme em 3D, pois dá vontade de até provar as comidas e parece que os cheiros das flores fica impregnado nas nossas narinas, de tão perto que tudo chega. Uma delícia! ClapClapClap.
"Quem sabe o super-homem venha nos restituir a glória mudando como um Deus o curso da história por causa da mulher."

Saturday, February 7, 2009

                              Gozei.

Friday, February 6, 2009

Perfect Day.

Desaba.

Seus joelhos dobrados grudavam-se ao seu corpo sedento de auxílio e proteção. Temia o sol, a lua, a grama, as paredes. Tudo parecia gritar ao seu ouvido e Ana tremia, gemia, pedia para parar. O mundo era veloz. Ana sabia que era veloz. Seus olhos tentavam fixar-se em um ponto, buscando uma calma qualquer. Continuava veloz. Respirava, mas tudo tirava-a o ar, acendendo luzes, fechando portas, ligando eletrodomésticos. Os beijos, os pulos na piscina, as crianças(ah, as crianças!), os prédios e seus porteiros de uniforme. Ana desejava que tudo isso inexistisse. Queria que toda árvore fosse exterminada. Todo caixa de supermercado, toda a música e todos os filmes. Queria os taxistas mandados para o espaço, queria branco, não! Preto. Queria a ausência até mesmo das cores. Queria nem mesmo existir. Queria nada. Nada não, pois o nada existe. Queria não querer, pois em si, o querer estava muito vivo. Ana. Sem Ana. Sem. ...

Assuntos de Cinéfilo.

Spun.
Pense em uma mistura de Requiem para um sonho e Trainspotting, ponha crystal meth no meio e acrescente uma salpicada de Mickey Rourke, Brittany Murphy, Mena Suvari e John Leguizamo. É, interessante, não? O filme foi indicado por alguém especial e muito bem aplaudido. Mostra os mínimos detalhes do efeito do Meth e faz você ter vontade de vomitar só de olhar as cenas das alucinações. Saí do filme um pouco tonta, de tão extremo que é. Tem até um pouco de Pulp Fiction, se você preceber. Bom filme, para se ver uma vez.

Assuntos de Cinéfilo.

Dogville.

Uma mescla de desalento com tédio que acaba embolando-se em uma corda de sobressaltos e emoções repentinas. Lars Von Trier merece um tapa na bunda e um beijo por esse filme, que por um acaso, causa sensações distintas, porém todas negativas. Adoro a idéia do cenário quase que inexistente, pois dá uma nudez incrível para o filme, considerando que é feito para ser cru e nu, em carne e osso. Também temos atuações ótimas de Nicole Kidman, Paul Bettany e muitos outros atores respeitados que não veremos novamente em filmes de Lars pois "Lars só se faz uma vez na vida", segundo Nicole. I wonder why.

Realismo composto de codeína e desconforto.

No meu mundo.


"Meu gatinho ia ter um lindo castelinho.
Ia andar todo bem vestidinho.
Nesse mundo só meu.

Minhas flores...
Quanta coisa eu não diria as flores!
Contaria histórias para as flores.
Se eu vivesse nesse mundo só meu.

Passarinhos...
Como vão vocês, meus passarinhos?!
Vocês iam ter milhões de ninhos.
Nesse meu mundo, só meu.

Poderia num regado a rir, ouvir cantar uma canção sem fim.
Quem me dera que ele fosse assim.
Maravilhosamente só pra mim!" 

Thursday, February 5, 2009


Quando o coração bate mais forte que vitamina.

Wednesday, February 4, 2009

Tuesday, February 3, 2009

Talking 'bout my generation.

Em Memória de Lilian.

"O sol ainda não viera. E sem lua nem sol ela estava sozinha no banheiro. Esta revelação a fez baquear um pouco. Meio tonta com a solidão e a brancura do momento. Trôpega, buscou apoio na extremidade da pia, que respondeu fria e asséptica ao pedido de ajuda. Olhou para a porta, e se então tivesse saído teria escapado. Mas ficou. Ferindo a si mesma e por si mesma sendo ferida. Com o pretexto de lavar as mãos, molhou os pulsos, sem admitir a tontura – que às vezes tinha esses pudores íntimos."
Já está na hora de um pique-nique.

Fragonard.



Assuntos de Cinéfilo.

The Reader.
Não é à toa que é um dos nominados ao melhor filme do ano no Oscar.
Uma das melhores atuações que já vi de Kate Winslet, com o maravilhoso Ralph Fiennes(que parece o Klaus mais velho) e um roteiro, cinegrafia e direção maravilhosas. Fiquei feliz de ter assistido esse filme contraditório sobre um assunto polêmico, o campo de concentração de Auchswitz. Depois que você assiste o filme, a idéia que criamos sobre bem e mal vira mais realista. Não existem pessoas más ou boas. Cada um tem seu lado branco e negro. O filme vai bastante para esse lado... do preconceito que as pessoas criam sobre situações que "só vivendo" pra entender. Vale a pena. E daí já dá pra fazer bolão pro Oscar.

Como se achar sem nunca se perder?

"Se eu pudesse retornar, daria mais telefonemas para a mulher da minha vida nos intervalos das reuniões. Procuraria ser um profissional mais estúpido e um amante mais intenso. Seria mais bem-humorado e menos pragmático, menos lógico e mais romântico. Escreveria poesias tolas de amor. Diria mais vezes 'eu te amo!'. Reconheceria sem medo: 'Perdoe-me por trocá-la por reuniões de trabalho! Não desista de mim'. Ah, se eu pudesse retornar nas asas do tempo! Beijaria mais meus filhos, brincaria muito mais, curtiria sua infância como a terra seca absorve a agua. Sairia na chuva com eles, andaria descalco na terra, subiria em arvores. Teria menos medo que se ferissem e se gripassem, e amis medo de que se contaminassem com o sistema social. Seria mais livre no presente e menos escravo do futuro. Trabalharia menos para lhes dar o mundo e me esforcaria muito mais pra lhes dar o meu mundo."

Monday, February 2, 2009

A Flor do Sopro.


Voltava para casa com o suor envolvendo o corpo de uma maneira sutil.
Seus cabelos presos davam à notar que o verão chegara e seu rosto corado dava-a uma imagem sadia. Vinha pensando no futuro, nas suas próximas realizações, desejos. Precisava tirar o corpo do ar fincar as solas do pé no chão. Tinha certeza que tudo daria certo, pois o sol estava mais para a esquerda que para a direita. Quando o relógio batia antes do meio-dia, Luana achava que tudo se cumpriria melhor, pois a manhã é a mais pura de todos os períodos diários. Mas lhe faltava algo que puxasse ainda mais Luana para o chão, fazendo-a perceber que o mundo não gira em torno de seus sonhos fantásticos. De relançe, viu uma daquelas flores que adorava pegar quando era criança. Parou e olhou bem. Fazia tanto tempo que não via uma daquelas que um turbilhão de nostalgia tomou conta de sua mente, fazendo-a sentir até o cheiro do seu manto que usava para dormir naquela mesma época. Era uma flor especial, por isso que gostava tanto dela. Não era bonita, nem cheirosa, muito menos grande e vívida. Era a planta do sopro. Luana a olhou e lembrou do que sua mãe a tinha dito uma vez:
-Luana, essa planta é a planta dos desejos. Você tem que mentalizar o que você mais quer e fechar os olhos bem cerrados, pra não concentrar em outras coisas. Quando estiver pensando no seu desejo bem profundamente, sopra tudo e as pétalas voarão por aí, levando o seu desejo pelo mundo.
Era como uma fotografia antiga, em sépia, descolorida. Luana arrancou a flor pelo caule, deixando bastante espaço para a mão e fechou os olhos. 

O Vencedor.

Olha lá, quem vem do lado oposto vem sem gosto de viver.
Olha lá, que os bravos são escravos sãos e salvos de sofrer.
Olha lá, quem acha que perder é ser menor na vida.
Olha lá, quem sempre quer vitória e perde a glória de chorar.

Eu que já não quero mais ser um vencedor, 
levo a vida devagar, pra não faltar amor.
Olha você e diz que não vive a esconder do coração. 

Não faz isso, amigo.
Já se sabe que você só procura abrigo,
mas não deixa ninguém ver.
Por que será?

Eu que nunca fui assim muito de ganhar, 
junto as mãos ao meu redor.
Faço o melhor, que sou capaz só pra viver em paz. 

Sunday, February 1, 2009

Assuntos de Cinéfilo.

They Live.
Metade do filme é bom, metade é porrada gratuita.
Conscientemente e claramente, o filme é mais que uma crítica ao consumismo, ao materialismo e à submissão. A história é boa. É uma idéia bem bolada e faz o espectador criar hipóteses utópicas em suas cabeças. O casting que não achei nada demais. O estilo, em si, é anos 80 demais. Foi mais pelas reflexões e pelo conflito que o filme causa que me chamou a atenção.