Da barba mal-feita... do banheiro particular que ele tinha atrás da casa só pra ninguém sentir o fedor.
Sinto falta da cama no chão, do lado da cama dela.
Dos e-mails que davam medo... e de pegar o ônibus e ir ao shopping como se fosse o máximo.
Depois ele voltava com aquele jeitão de capitão pra nos buscar e sorria.
Das palavras de carinho, dizendo que queria que a Clara fosse como eu quando crescesse.
E de como ele escolhia a mulher perfeita por nossa causa.
Fazia buchada às 2 da manhã e me oferecia. Eu me lembro do nariz enrrugado que todo mundo fazia, incluindo eu mesma. Não saía de casa pra comer nunca. "Comida boa é comida caseira."
Ia me assistir quando tinha peças, como um vô mesmo. E depois me levava na padaria pra me comprar um salgadinho e coca-cola. Uma filha, uma netinha. Lembro quando mostrei meu primeiro namoradinho de verdade pra ele... fez cara feia, o mesmo nariz enrrugado que eu fazia pra buchada às 2 da manhã.
E do jeito que já era melhor amigo dele depois da terceira cerveja, oferecendo um churrasquinho. Ah, o churrasquinho! Aquele churrasquinho com cheirinho bom e sabor único... com as cadeiras de plástico amarelas no quintal de casa.
Em Pinhais, imagina! Pinhais! Quem diria que eu adoraria ir pra Pinhais pra ficar com ele...
E assistir filmes de terror da locadora que fechava às 6 da tarde.
Ver a Clara e o Tony nascerem, segurar no colo. Crianças lindas...
Ficar inspirada e me sentir amada, porque sei que tinha muito amor ali. E era e é recíproco.
Aquela casa com anões de jardim, em Pinhais... aquela casa grande onde passei minha infância. E aquele homem que era meu vô e que me pego sentindo falta. Aquela risada curta e cortada, aquele cheiro de perfume do Boticário, aquele banheiro com toalhas de rendinha.
Eu adorava ir pra Pinhais.
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