Nela eu viajo de balão.
Lenta e calmamente, respirando-a pelos poros;
tendo-a embaixo de meus pés como um gigante,
e sendo esmagado por sua beleza e cor.
Curitiba eu te possuo, assim como você me tem de corpo e alma;
eu te amaldiçôo por me ter para a vida toda;
me embriago no néctar dos teus seios
e te cuspo por te amar.
Ainda quero dobrar o Atuba só pra te dizer,
que a falta que você me faz não é, nem por um instante,
a necessidade de não te perder,
mas o desejo incontido de desmascará-la por toda a minha vida,
e de senti-la em todos os níveis,
do mais obscuro hotel, à praça de frondosas árvores;
do parque mais longínquo, ao mais crepúsculo bordel;
das vilas cuspidas por tua volúpia, aos bustos cagados de pombos;
da falsa Catedral;
dos falsos prédios;
das falsas putas;
dos falsos loucos;
das mentiras contadas em cada esquina
por onde passo e deixo um pouco de mim.
Das noites mal dormidas, carcomidas por tuas traças;
das pin-ups e Amélies recém-tiradas do peito maternal;
dos teus poetas musicistas,
dos teus ciclistas matinais.
Das estórias, das polacas,
dos botecos, canecos e velhos-carcarás.
Vem, Curitiba!
Mostra teus invernos ensolarados e vomita teus festivais.
Arremessa na rua tua ascendência,
preu te dar toda indecência de um amor mal acabado.
Meu amor, te quero assim,
porque senti-la é provar meu próprio veneno,
é cuspir no próprio prato,
é viver no teu pavor.
Curitiba, te quero assim,
do fundo do meu coração,
pra morrer no seu quintal!
Otávio Linhares.
1 comment:
ai ai...
bisou
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