Você me olhou na estação, enquanto eu entrava no trem. Eu nunca tinha te visto antes, mas quando nossos olhos se cruzaram, eu jurei para o mundo que conhecia tuas menores peculiaridades. Eu sabia quem você era e ouvi teu coração bater mais forte quando teus olhos encontraram os meus. E naquele segundo sublime, eu entrei no trem, minha cabeça louca, girando, doente. Sentei na cadeira vermelha de veludo, apertei as mãos com força, suei frio de nervoso e pensei em mil possibilidades malucas que ninguém pensa, ou pensa quando está profundamente apaixonado. Eu não acreditei no meu coração, que pulava dentro do peito e parecia que queria cantar. Eu então não aguentei o peso que ele fazia na minha caixa toráxica e simplesmente me levantei, como se estivesse hipnotizada pela minha própria mente. Começei a correr pelos corredores do trem, levando tudo que eu via comigo e meu vestido florido e em câmera lenta, me vi sair do trem, desesperada, procurando-te, olhando, os olhos pra lá, pra cá, perdidos na multidão. Eu procurava alguém que não conhecia, mas que amava profundamente, em um segundo. Eu precisava te olhar de novo e ter mais um segundo magnífico como aquele que acabamos de ter. Foi quando te vi de costas, perdido, as pernas balançando, o pescoço esticado entre as cabeças, procurando, olhando, perdido, os olhos pra lá e pra cá. Foi então que você se virou, lindo, mais lindo que qualquer pessoa que eu já vi na vida, com os olhos cegos por tudo e só iluminados por minha presença. Foi então que eu virei meu coração. Olhei dentro dos teus olhos e você dentro dos meus e eu tive a sensação próxima da morte. A sensação que eu nunca tive antes, uma sensação ruim e boa ao mesmo tempo. Eu tive amor. Eu te amei sem saber seu nome, sem saber como você dobra lençóis de manhã. E depois de dois minutos que passamos parados, na estação, entre pessoas e névoa, você abriu um sorriso lindo, o mais lindo que já vi e começou a andar em minha direção. Então você se aproximou tanto, mas tanto, que eu não podia respirar. Minhas mãos tremiam, minhas pernas balançavam e eu só podia olhar pra você, assim, perto de mim, a um palmo do meu rosto. Você pegou minha mão, olhou-as com um jeito estranho de quem nunca tinha visto algo parecido na vida e as beijou. Não disse nenhuma palavra, só beijou minhas mãos que tremiam. Então por uma fração de segundos, vi você me olhar com contentamento e felicidade. Já faziam horas que estávamos assim, nos olhando. O trem já tinha partido, a estação estava escura e vazia e a única coisa que permanecia naquele ponto de trem eram dois corações pulsando vivos, vermelhos, rápidos. E então você me abraçou. Me tirou do chão com seus braços fortes e bonitos e sussurrou ao meu ouvido:
-J'ai trouvé qui cherchais. Tu est la chose plus jolie que moi déjà vi. Tu est ma femme.
Tuesday, April 13, 2010
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