Tuesday, December 22, 2009

Adeus você.

-Eu estraguei tudo, não é?
-Não inventa coisa.
-Eu não devia ter deixado você pegar aquele táxi.
-Você está me deixando mal.
-Se você ao menos não tivesse falado sobre ela...
-Eu não falei, você sonhou.
-Pára.
-Eu estou falando a verdade.
-Pára de mentir! Você é louco por essa puta.
-Eu não sei nem o sobrenome dela...
-CALA A BOCA!
Julia começa a choramingar com as mãos segurando a testa.

...pausa...

-Olha...
-Porra, Paulo. Porra.
-Eu não sei da onde você tira as tuas idéias, teus sonhos.
-Porra, porra...
-Eu só sei que você tem que se tratar, Julia. Você não está bem.
-Eu não acredito.
-(sussurrando)O que?
Dessa vez, Julia levanta a cabeça, olha profundamente nos olhos de Paulo e vacilando, levanta-se do sofá.
-Eu não consigo acreditar que você está falando que eu preciso me tratar. Eu não consigo acreditar que depois de todos esses anos aguentando teus atrasos de seis horas para chegar em casa do trabalho você consegue olhar na minha cara e falar que eu preciso me tratar.
-Você está delirando, menina!
-(Julia começa a aumentar o volume de voz)Há! Você conta os teus telefonemas no meio da noite como delírio? E o teu cheiro de perfume barato depois de uma "cervejinha com os amigos", eim, Paulo? Isso é tudo delírio? Eu estou delirando?
-Está, está louca.
-Saia da minha casa agora.
Paulo levanta-se também, estufa o peito e encara Julia de frente.
-Eu não vou para nenhum lugar.
-Pois bem. Então eu saio.
-Julia... Julia, não faz isso... eu te amo!
-Filho da puta!
-Eu te amo, Julinha... você sabe que eu quero você comigo, pra sempre...
-Pois eu não te quero mais, Paulo. Eu não quero mais isso. Eu tô cansada de te ver olhando para outras mulheres enquanto jantamos em restaurantes, enquanto andamos no parque, enquanto estamos na fila do cinema. Eu desejava que você olhasse para mim só um quarto do que você olhava para elas. Só um quarto. Você sabe que nós não estamos bem. Não tenta fingir que é diferente, Paulo.
-Eu sei, eu sei... eu ferrei com tudo mesmo.
-Não, eu que ferrei. Eu degradei a nossa relação por ter te visto e me apaixonado por você. Não tem jeito e nunca terá. Você sabe disso. Eu espero que você ache alguém que consiga aguentar as tuas infidelidades. Talvez isso te faça mais feliz.
-Mas...
-Eu vou, Paulo.
-Eu nunca te traí, Julia.
-Eu vou.

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