Birth of Impressionism: de Young Museum of San Francisco.
Melhor que ver obras de arte seculares que representam o movimento do impressionismo é vê-las em um dos melhores museus de San Francisco, sendo que foram trazidas diretamente de um dos melhores museus da França(Paris, para ser mais específica), o Musée d'Orsay. Sempre com as exposições mais preciosas de San Francisco, o de Young é o meu museu favorito. Posso dizer que tenho uma forte paixão pelo MOMA(Museum of Modern Art) também, mas o de Young abrange tantas eras artísticas que faz meu mundo mais feliz. Além do mais, o museu em si, criado pelos arquitetos Herzog e de Meuron(nascidos e criados na Suíça) é uma obra de arte da arquitetura. É muito interessante ver a reação da minha amiga que presenteou comigo as obras do impressionismo, pois ela é arquiteta e mora no Brasil(está visitando a Califórnia). A cada passo que ela dava no museu, seus olhos brilhavam com a forma confusa e muito bem elaborada do prédio criado pelos famosos arquitetos. Para mim, seria a mesma sensação entrar na casa de algum diretor como Fellini ou Kubrick e descobrir o mundo interior das mentes genuínas desses artistas, aonde viveram, aonde criaram seus mundos imaginários do cinema. Enfim, deixando por aqui o que o museu nos faz sentir, recomendo altamente uma visita ao nosso descolado de Young(até o nome não nega a modernidade).
Difícil explicar são os quadros que presenciei na terça-feira à tarde, na exposição chamada Birth of Impressionism - Masterpieces from the Musée d'Orsay. O coração pula só de ver a propaganda. A garganta seca, a vontade cresce, os olhos não crêem. Mas é claro, para todos aqueles que amam o Impressionismo. No meu caso, foi isso que aconteceu. Eu estudei o Impressionismo na minha aula de francês por muito tempo. Fiz trabalhos sobre variados pintores e artistas da época e do movimentos. Manet foi um dos trabalhos que eu mais gostei de fazer, mas antes de apresentar o trabalho, nunca tinha experenciado o contato ao vivo com um quadro dele, nem de nenhum impressionista. Gostava muito do visual, mas não entendia o que era o verdadeiro contato com a arte, crua e nua na sua frente. Quando vi "La Naissance de Vénus", de Bouguereau, meus olhos não conseguiram conter as lágrimas. É mais que emocionante. Como disse a Fer, minha amiga arquiteta, as cores são "sinistras", com sotaque carioca bem forçado. É exatamente essa a palavra para explicar. Parecia que a Vênus sairia do quadro e viria me abraçar. Isso não seria problema nenhum, pois ela é tão linda que abraçá-la é o que você mais tem vontade de fazer quando está em frente ao gigantesco e, se posso dizer, perfeito quadro.
Por toda a minha visita, meu coração não conseguia acreditar em quanta emoção cada quadro me trazia. Impagáveis obras de arte de Monet, Manet, Bazille, Morisot, Renoir, Cézanne, Sisley, Pissaro, Caillebott e outros impressionistas, na grande maioria, franceses. Era um fato que eu estava muito emocionada, mas o meu ponto fraco foi a última sala, aonde estava estendido um dos meus quadros favoritos de todos os tempos(e eu realmente não sabia que ele estaria lá). Quando virei minha cabeça para procurar minha tia e comentar sobre o quão suaves eram as cores de "La Balançoire", de Renoir, meu corpo estremeceu e eu fixei meus olhos no que parecia não estar na minha frente. Pois era mais que verdade. "La Classe de Danse", de Edgar Degas, pendurada na parede laranja do museu, me olhava lá da outra sala. Esqueci de todas as outras e me direcionei para o quadro imediatamente, sem tirar os olhos, sem nem piscar. Quando cheguei perto e imaginei Degas pintando aquela obra-prima bem de onde eu a via, eu chorei. Chorei com um sorriso no rosto, por ter presenciado essa obra que tanto me marcou por anos e que sempre amei. Degas é meu impressionista favorito, mesmo que não admitisse ser um impressionista. Um realista, então, que seja. Foram poucas as vezes que chorei vendo um quadro. Tenho certeza que Degas ficará para a minha história, mais ainda que já tinha antes.
Para aqueles que estão em San Francisco ou pretendem aparecer por essas bandas até o dia 6 de setembro, por favor, não perca essa oportunidade. Não há nada mais belo que ver uma boa seleção de quadros impressionistas. E acredite: essa seleção está de fazer a moçoila de calcinha rosa desmaiar. Não percam.
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